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O nascimento de mais um dia

Noite na baía de Machico

Como a noite é longa!  Toda a noite é assim...  Senta-te, ama, perto  Do leito onde esperto.  Vem p’r’ao pé de mim...  Amei tanta coisa...  Hoje nada existe.  Aqui ao pé da cama  Canta-me, minha ama,  Uma canção triste.  Era uma princesa  Que amou... Já não sei...  Como estou esquecido!  Canta-me ao ouvido  E adormecerei...  Que é feito de tudo?  Que fiz eu de mim?  Deixa-me dormir,  Dormir a sorrir  E seja isto o fim.  Fernando Pessoa, in "Cancioneiro"

Uma nuvem de passagem nos céus de Machico

Aceitação É mais fácil pousar o ouvido nas nuvens e sentir passar as estrelas do que prendê-lo à terra e alcançar o rumor dos teus passos. É mais fácil, também, debruçar os olhos no oceano e assistir, lá no fundo, ao nascimento mudo das formas, que desejar que apareças, criando com teu simples gesto o sinal de uma eterna esperança. Não me interessam mais nem as estrelas, nem as formas do mar, nem tu. Desenrolei de dentro do tempo a minha canção: não tenho inveja às cigarras: também vou morrer de cantar. Cecília Meireles

Na fralda de dois íngremes rochedos - Machico

Foto tirada a partir do Miradouro Francisco Álvares de Nóbrega “Camões Pequeno” Na fralda de dois íngremes rochedos, Que levantam aos Céus fronte orgulhosa, Existe de Machim a Vila idosa, Povoada de escassos arvoredos. Pelo meio, alisando alvos penedos, Desce extensa Ribeira preguiçosa: Porém tão crespa na estação chuvosa, Que aos Íncolas infunde respeito e medos. Às margens dela em hora atenuada, Vi a primeira luz do sol sereno. Em pobre, sim, mas paternal morada. Aos trabalhos me afiz desde pequeno, O abrigo deixei da Pátria amada, E vim ser infeliz noutro terreno. Poema de Francisco Álvares de Nóbrega “Camões Pequeno”

Pontão da praia em Machico